terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

Adeus Barriga, Olá Martim

(post de 27 de Outubro de 2009)

O título é da Bé, mas adaptado ao meu Martim, claro... O texto será meu, fruto do meu sentimento e do meu pensamento.


Foram 39 semanas de emoções bem fortes, de magia e ansiedade. Foram 24semanas a senti-lo fisicamente, mas 39 a amá-lo incondicionalmente!!!!

Durante a gravidez, ri e chorei com o nosso bebé, e ansiei pelo momento em que o ia conhecer, fantasiei sobre a sua cara, mesmo perante as ecos que faziamos com o Dr Armando, finalmente ás 32 semanas tive a clara sensação de conseguir prever o seu rosto, e meia desapontada lá admitia que achava que o meu filho tinha um ar preocupado e cansado. E que enganada eu estava.

Saboreei cada semana como uma vitória, e venci algumas barreiras, e outras simplesmente contornei, e a barriga ia crescendo.............

Ás 12s, naquela eco fundamental, e que deixa qualquer grávida em transe na sala de espera, o papá achou estar a ver uma pila, a Dra também lhe pareceu, mas lá foi sendo mais reservada a dizer que nessa altura era tudo muito confundível. Por isso mesmo marcámos uma eco 3D para as 16s, aí já seria possível esmifrarmos bem a imagem e com sorte lá iamos ver quem vinha lá. Mas ás 15s, numa ida ás urgências, tive a confirmação que tinhamos a caminho, inequívocamente um "Dom Gajo", e como estava sozinha, pedi ao papá que me nos viesse buscar para irmos descansar, a mim e .... ao Martim, o papá ficou louco, era um desejo mais que assumido. Agora só faltava ver-lhe a piloca, e que tarefa difícil, mas lá mais para a frente o filho fez-lhe o gosto e descarado, abriu a pernoca. De qualquer forma, esta curiosidade só ficou confirmadíssima, quando no dia 20 a nossa querida amiga, enfermeira Joana lhe diz "...tem pilinha", foi mesmo o realizar de um sonho, e fico feliz que assim tenha sido, já os imagino a andar de bicicleta, e á volta das ferramentas, a cortar a relva, e a fazer disparates...

Senti-o pela primeira vez, fruto de um acontecimento menos bom, um acidente de carro, mas o Martim, como aliás foi fazendo ao longo da gravidez, lá mostrou que está connosco para o que der e vier, e que não nos ia abandonar nesta viagem, muitas foram, de facto as vezes, que satisfez o meus caprichos, mexendo quando eu achava que estava muito parado, acalmando quando eu pensava que o reboliço no T0 já era demasiado, enfim, como que por telepatia, soube sempre o que eu queria e lá me foi fazendo as vontades!

As ecos foram passando, e alguns sustinhos pelo meio, mas que nunca passaram disso mesmo, algumas contracções foram do tempo, que me foram obrigando a estar por casa, e claro, embora a felicidade fosse enorme, a minha cabeça não aguenta muito, e lá veio a confirmação que o regresso ao trabalho só depois do nsacimento... tive de me contentar e embora no início me tenha custado, até porque implicava estar sozinha muito tempo, lá fui ouvindo algumas amigas que me diziam, para considerar esse tempo como tempo de qualidade com o meu filho, e lá foi resultando.

Com o passar do tempo, fui também solidificando novas amizades, que nascerem em simples fóruns de grávidas, e hoje tenho a certeza que foram das melhoras coisas que me aconteceram, aliás, tanto eu como o Paulo temos plena consciência, que me aguentei em grande parte, "empurrada" com as suas palavras, o seu conforto, companhia e amizade. E ás vezes penso, logo eu que de simpática não tenho nada, fui tão abençoada com estas novas presenças na minha vida, e que sorte a minha, porque acompanhadas pelas mamãs vieram também bebés!!!! Do círculo mais restrito, porque é mesmo assim, o Martim é um sultão, e está rodeado de meninas, lindas como só podia, e que já estão todas cá fora e portar-se muito bem! Vai ser difícil na hora do casório, mas ficará sempre bem servido! hehehhe, por isso filho, não sejas um totó e trata bem das mulheres, porque á tua volta é só princesas, mesmo que uma delas te tenha ido ver ao quarto, e nem sequer nos tenha brindado com um acordar!!! heheheh Deixa lá Martim, a Carolina puxa á mãe de certeza e será um autêntica fada do lar, já te imagino gordinho com as iguarias que ela te vai preparar, tal como a mamã faz com o Ricardo!!!! ;)

Para as amizades de mais longe, a ansiedade de as conhecer aumenta de dia para dia, e já não me chega ouvir as suas vozes, calmas e doces ao telefone, quero mais, quero dar-lhes um abraço, daqueles bem apertadinhos, e agradecer-lhes por tudo, por estarem sempre presentes, por me ouvirem, por me responderem, simplesmente por serem quem são, e sei que esse dia vai chegar, cá em casa teremos mesmo muito para agradecer.

Com o passar do tempo, fui também acalmando o coração e tentando saborear ao máximo a nossa gravidez e barriga, e com isso foi crescendo o nosso desejo de ser pais. Todas as noites havia paródia no T0, e o Paulo, por mais cansado que estivesse marcava sempre presença, nem que fosse visita de médico, mas sabiamos que era importante para o nosso bebé sentir-nos juntos, e dedicados a si. E ele, sempre correspondeu, batendo na mão do papá, como se fosse um "dá cá mais cinco", sempre que tentávamos que mexesse para outras pessoas sentirem, o Martim envergonhava-se e guardava esse momentos únicos só para nós, como se significasse que só a nós queria mimar!!! Adorava ouvir a bolinha da Chicco, e o estranho é que cá fora não lhe liga patavina, só na hora do banho, mas acho que isso é mais pelo banho em si que pela música!....

E, semana após semana, o tempo foi voando, até que... chegou o dia 20 e com ele a nossa vida ganhou outro sentido!

Uma semana depois, celebramos diariamente o seu nascimento, uma vitória, sofrida é certo, mas uma grande vitória. Á uma semana atrás por esta hora, já me tinha despedido da tia Patrícia e da barriga da Carolina, afinal não sabia o que ia acontecer, e estava "calmamente" a fazer um CTG só com o ritmo cardíaco do Martim, deitadinha a ver o Dr Phill, á espera que a Joana chegasse e fossemos finalmente conhecer o nosso Martim.

Pensei que ia estar mais irrequieta, mas foi tudo tão rápido que nem houve tempo para isso, num instante a enfermeira me chama e diz "Vamos?", nem me deu tempo de beijar o meu marido, mas senti-o sempre comigo, ouvi-o mandar-me um beijo cheio de confiança em mim, e senti-o aí sim, irrequieto. Aliás as filmagens provam isso mesmo. Pelo caminho até á sala de partos, vi a Patrícia a fazer o CTG e pedi que esperássemos mais uma vez pela Joana, que passados uns minutos se faz anunciar por telefone que tinha entrado no edíficio... Não conseguirei nunca na vida agradecer-lhe........
A partir daqui a ansiedade e receio perante o momento que ia viver, foram desvanecendo á medida que eram levados a cabo os procedimentos necessários para a cesariana, perguntas da anestesista que era uma querida, e tinha um Try giríssimos, tensão arterial, ritmo cardíaco, e entra a Joana na sala já equipada e pronta para me encher de mimos, como só la sabe fazer. Foi-me dada a epidural e em menos de nada sinto-me desfalecer, e voltar a mim, a anestesia tinha pegado e podiamos começar, entrou a Dra Cristina e a Dra Virginia que se apresentou. Em menos de nada também, passam uns minutos em que me sinto remexer, e que eu ingenuamente julgava serem as doutoras a posicionarem-me para poderem começar e pergunto-lhes que estão a fazer e sou brindada com uma resposta "estamos a ver o pezinho do seu bebé, que...... já nasceu". Confesso que achei que me estavam a gozar, embora a Dra Cristina me tenha dito logo que ele era lindo e enorme, e eu sabia que ela na ia brincar comigo assim... Nuim instante vejo-o ao colo da Joana, uma imagem que á muito ambicionava conhecer, e só tenho tempo de pensar, que o Paulo ainda não estava na salinha onde devia, e transmiti-o á Joana, quemais uma vez, prontamente o chamou a entrar, soube mais tarde que ouviu sozinho, pela primeira vez, o choro do nosso filho sem o ver, e experienciando sensações diversas, sempre sem o estar a ver. E mesmo assim, assegurou-se que perpétuariamos o momento em video, e hoje posso ouvi-lo sempre que quero. Não consigo sequer imaginar o momento em que conheceu o Martim, ainda nem falámos sobre isso, o que sentiu, o que achou, mas despassarado como sempre, teve de levar um empurrão da Joana para se chegar ao filho, e quando ela lhe pergunta se me quer mandar alguma mensagem, responde prontamente que "não".... que haveria de dizer?!!?!? :)

Na sala de partos o tempo foi passando, ou melhor voando, e quando dou por mim, estou a voltar para o meu quarto, e mais uma vez vejo a Patrícia e o Ricardo que entretanto tinha ido ter com ela, e peço á Joana que lhes mostre o Martim, ainda não tinha bem consciência de como estava e fazia questão que o vissem, afinal também eles estavam pertinho de conhecer a Carolina!!!! ;) Adoro aquela família!!!

Chegada ao quarto e não desfazendo, pude realmente ter o mimo que queria, o meu amor grande ao pé de mim, o meu companheiro nesta viagem, o Paulo, que contrariando o que eu alguma vez esperaria, prontamente assumiu ter orgulho em mim, e percebi que realmente tinha vivido algo que em nada se encaixava no meu perfil... mas já estava a parte da ansiedade tinha sido controlada e o Tim já estava cá fora, o pós é realmente dificil fisicamente, mas a parte emocional tinha sido vencida... julgava eu.

Curioso, estou farta de dar voltas e voltas á cabeça, e não me consigo recordar dos momentos que se seguiram, exceptuando os telefonemas aos avós babados, o meu pai não acreditava e julgava que era o Paulo em mais uma das suas brincadeiras, a avó Sarita a mesma coisa, e como me ouviam falar de fundo, ainda menos convencidos ficavam, mas a verdade é que em menos de nada, também eles sentiram o Martim nos braços. Não me recordo mesmo quando me trouxeram o bebé ao quarto, mas recordo sim a primeira vez que o pus ao peito, e ele, tão pequenino agarrou-o como se tivesse feito aquilo a vida toda. Confesso que não foi prazeroso, e agora colho os frutos dessa experiência, mas foi bonito, ver um bebé tao pequenino com uma determinação tão forte.

A primeira noite foi complicada, parecia Natal e não queria por nada largar o meu presente do Pai Natal... E por isso dormir não foi comigo, o que se tranformou num pesadelo autêntico na noite seguinte, entre um rodopio de visitas e o cansaço do parto, como as dores e a excitação, fui-me abaixo, e desde aí foi muito complicado recompor-me.... Baby blues possivelmente, mas nada que umas conversas com a psiquiatra não resolvam.. espero eu.

Os últimos dias têm sido desgastantes, a mamoca está a ir-se mas essa parte não me incomoda, bem pelo contrário alivia-me, e o Martim está a aprender a viver cá fora.... As noites são um pouco mais complicadas, e ainda não percebemos porquês, são várias as opiniões, mas por enquanto não há confirmações. Esta noite tentei dormir fora do quarto, porque achámos que cheiro do meu leite o deixava irrequieto, e resultou um pouquito, pelo menos manteve os intervalos de 3h, ao invés dos de 2h nocturnos que até então fazia. Vamos lá ver se foi coincidência ou não.

Hoje passada uma semana notamos-lhe diferenças comportamentais, já fica mais tempo de olhos abertos, já dorme com a cabeça para o outro lado, já lhe reconhecemos o choro da fominha, e isto sou eu, porque o papá está completamente adaptado, aliás nem sei que seria de mim sem ele. Com as dores ainda muito presentes, são poucos os esforços, e o Paulo tem sido um verdadeiro Super Pai, agora que a licença está a terminar, entro em pânico de pensar como vou conseguir... Se ainda tenho tantas dores. Tenho medo de o magoar, tenho medo que as minhas dores me impeçam de o ajudar, tenho medo de ficar "sozinha" com ele.... Tenho medo......E, embora me digam que não parece-me que ele sente este meu medo..... Felizmente tenho tido muitaaaaaaaaaaaa ajuda, ajuda essa que nunca conseguirei pagar. Quando o Paulo regressar ao trabalho, vem para cá a Avó Rosita, e a avó Sarita, e vamos lá ver se damos conta do recado, elas dão com toda a certeza, agora eu..... espero conseguir também.

5ª feira temos a primeira saída oficial, e a julgar pelo comentário da Patrícia a logística é mais que muita, mas vamos lá ver como corre. Vamos conhecer a pediatra do Martim e ainda o temos de ir registar, vou ver se é possível que o façam por nós, assim escusa o menino de andar de um lado para o outro.....

E assim, vos escrevo este desabafo, enquanto me delicio com a visão á minha frente, papá deitado a dormir, com o nosso bebé no seu peito a sonhar com os anjinhos. E é tão bom ver os meus amores em perfeita sintonia, que me vou aninhar ao pé deles também.


Obrigada pelo carinho,


Beijos

Sandra

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