terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

3 Semanas de Ti(m)

post de 10 de Novembro de 2009


Pois é, o tempo voa e faz hoje 3 semanas que conhecemos ao vivo o nosso Martim.

Lembro-me do dia como se fosse hoje, e é tudo tão nítido da minha cabeça.

Estava um dia tão chuvoso, e saímos de casa cedíssimo, tinhamos combinado com a Dra estarmos na maternidade cedinho, e eu já sabia de daquele dia não passava. Optámos por não contar a ninguém, senão já sabíamos que a véspera ia ser desesperante... E cada vez vejo mais, que foi a decisão acertada!





Fizémos a viagem com um misto de sensações, algumas saudades da barriguita, mas acima de tudo ansiedade por saber que dali a um par de horas iamos conhecer o nosso piolhito! Em com os meus dramas, optei por ir de saia na viagem, tinha medo de ficar aflita para um xixizinho e de calças ia ser complicado... sim, porque se fosse caso disso fazia mesmo no carro, até porque onde iria fazer no meio da ponte?!?!?! O Paulo ia muito bem disposto, e iamos surpresamente calmos... Confesso que só quando ele pôs a filmar, á medida que atravessámos a Vasco da Gama, me deu uma lagriminha no canto do olho. Mas eu sabia que estava para breve, e não valia a pena esperar mais, porque entrar em trabalho de parto só me iria fazer sofrer, o desfecho ia ser sempre o mesmo, e por isso o dia 20 do 10 era um belo dia, romântico para se ter um bebé (palavras da minha dra).

Chegámos ao Sams por volta das 08h15 e tinhamos a Pat á espera, também ela ia ser observada pela Dra para ver se a Carolina estava para breve ( queriam tudo o mais natural possível, e a Pat apresentava-se como uma óptima candidata a um excelente trabalho de parto sem indução...). Enquanto esperávamos ainda tirámos umas fotos, e hoje ao vê-las, penso que até o Martim devia sentir que estavamos para breve, tenho uma barriga enorme, do tamanho sei lá do quê, o T0 mais parecia um T4....

De repente " D. Sandra pode entrar, vou mostrar-lhe o quarto, o marido para já fica na sala com as malas" Dei um beijinho á Pat, e pensei para mim, será que a voltava a ver barriguda?!?!?! Ao Paulo para ser franca nem sei se disse nada, esperava-o lá dentro!

Fui com a Enfermeira e entrámos no quarto 409, com vista para a rua, como a Joaninha me tinha dito, e aí tive consciência que aquele local ia marcar um ponto na nossa vida, e que dali para fora iamos sair os 3 já, num início de vida totalmente diferente. A enfermeira explicou-me como funcionava a cama, com os seus comandos, mostrou-me o botão para a chamar se precisasse de algo, e deu-me a tão famosa bata para vestir, ficou espantada porque do resto (depilação e microlax) já eu tinha tratado em casa, "vem com a lição estudada" disse-me ela, ah pois, que a minha querida Joana preparou-me muito bem!!! Fiquei a vestir a bata e a despedir-me da minha barriga, e aí bateu-me forte, fiz um belo rabo de cavalo, queria estar linda para receber o meu filho, dei um toque na maquilhagem (?!) e começou a dar-me uma moinha na barriga (ainda bem que o microlax tinha resultado), estava esvairada de fome. Despachada que estava deitei-me na cama, liguei a TV (estava a dar o Dr Phill) e toquei o botãozito para me virem ligar o CTG e pôr a soro. Fiquei a ouvir o coração do Martim e a pensar que seria a última vez que tinha essa perspectiva, e perdida nos meus pensamentos, calma e serena, vejo entrar o Paulo no quarto, com o seu ar de curioso a cuscar tudo o que podia...Expliquei-lhe o CTG como que a querer que também ele perpétuasse o momento, mas ele é demasiado curioso para isso e nem se apercebeu.... Nisto entram duas enfermeiras que me dizem, "vamos sandra?!?!" e eu na minha inocência ainda pergunto para onde, mas a resposta foi escusada e aí o meu coração bateu rápido, a Joana ainda não tinha chegado. Expliquei-o á enfermeira que foi uma querida e me disse que iamos andando para a sala e que não começávamos sem ela. De longe mandei um beijo ao Paulo e fui correspondida, e vou seguindo na maca até á sala da cesariana, que outrora já tinha conhecido. Ainda vejo pelo caminho a Pat a fazer um CTG, despeço-me de longe e a Enfermeira diz-me que receberam uma chamada e a Joana já tinha entrado na Maternidade, e estava a subir.

Na sala da cesariana, curiosamente não havia música mas não a achei fria nem pouco pessoal... estava demasiado curiosa a ver as coisinhas todas e até me esquecia do que estava ali a fazer. A médica anestesista perguntou-me de tipo de analgesia queria, se geral ou epidural, e eu claro, optei pela segunda com a sua concordância, afinal queria ver o meu menino. Falámos um pouco sobre tudo e assim que a Joana entrou, já toda equipada, substituiu a outra enfermeira que me ajudava a ficar na posição para levar a epidural. Confesso que não foi fácil, porque o Martim estava mais mexido que nunca, parecia que estava mesmo em arrumações.... Mas lá foi, e em 5 minutos senti uma quebra de tensão tal, que por momentos pensei que ia querer geral, não ia aguentar estar o tempo todo com aquela sensação, mas explicaram-me que era sinal que a anestesia tinha pegado e que já ia passar, dito e feito como veio foi, estava quase pronta, mais uns minutos, e depois de algaliada, a anestesista mandou chamar as Dras, enquanto me inclinou a marquesa para a esquerda e me pressionava o útero pela direita.

No meio da máscara reconheci os olhos meiguinhos da Dra que me disse que finalmente iamos conhecer o Martim e me apresentou a sua companheira de mesa, a Dra Virginia. Umas queridas que me iam dar o enorme prazer de conhecer o meu filho, rapidamente.

Num instante, puseram um pano á minha frente e sinto-as abanar-me, e oiço a anestesista dizer que a mesa encravou e não me consegue pôr direita e que alguém ia levar banho... na minha inocência pergunto eu, "banho do quê?" "das águas" responde-me a Joana. E logo que começo a sentir uma pontadinha estranha e pergunto o que se passa, diz-me (penso que a Dra Virginia) que "estão a ver o pé do Martim", e passados uns segundos, oiço-as quase todas em simultâneo a dizer já nasceu" São 10h28, e nasceu o meu bem mais precioso. Aí parece que o mundo parou e jamais esquecerei a visão da Joana com o meu bebé ao colo, quantas vezes ansiei pelo momento, em que iria ver a minha amiga, com o meu bebé ao colo, num momento, tão único, tão nosso e tão especial.... E embora não substitua a ausência do Paulo, a presença da Joana foi fundamental, e jamais terei palavras para lhe agradecer o carinho, a amizade, o companheirismo e acima de tudo, agradecer-lhe por ser assim, perfeita para mim!!! ;) E estava eu tão embevecida nestes segundos que me pareceram horas, quando oiço alguém dizer "porra que já tenho os pés molhados", aí foi a risota, e nem parecia que estávamos numa cesariana.... Ainda bem que assim foi. A Dra CB ainda me brindou com um miminho, enquanto me tratava do ponto cruz "O Martim é lindo" e enquanto estamos nisto, o pediatra entrou e assegurou-nos que estava tudo bem com o Martim!!! Eu sabia que estava tudo bem, e a minha mente, no momento, já só imaginava como iria ser ver o Paulo e o Martim juntos pela primeira vez.

Depois de limpo, a Joana trouxe-o ao pé de mim, e vinha lindo com o seu fatinho, escolhido a preceito, perguntou-me se queria ficar com ele enquanto acabavámos ou se queria que o Paulo ficasse, sentia-me sem força e pedi-lhe que o levasse ao pai. Achava que eram momentos únicos que o Paulo devia aproveitar a dois.... Afinal, eu já o conhecia tão bem!

Num instante terminámos e a Dra deu-me um beijinho e os parabéns e a Joana e outra enfermeira levaram-me para o quarto. Pelo corredor vi a Pat e o Ricardo que me sorriram, e pedi á Joana que lhes mostrasse o Martim, fazia questão que o vissem, e mal sabia eu que naquele momento já o tinham feito!! Fiquei muito feliz por saber que foram dos primeiros a fazê-lo. A Pat foi e é uma presença inesperada, mas muito importante na minha vida, e mais sentido que isto só se fosse mesmo ela assistir ao parto!! lololol Foi melhor do que alguma vez poderíamos planear!!!

Os momentos que se seguiram já no quarto foram mágicos, o Paulo pela primeira vez, revelou-me estar orgulhoso de mim, e eu confesso que também me sentia orgulhosa de mim própria, tinha vencido o medo e a ansiedade, tinha-me controlado, e já era mãe. Curiosamente não me lembro de me terem trazido o bebé....

Depois foi dar a novidade, que para uns foi uma comédia, como o meu pai que não acreditava no Paulo, porque me ouvia a falar ao fundo.... A avó sarita a mesma coisa, com ela então tive mesmo de ir ao telefone, meia hora depois da cesariana estava na secção administrativa...

Sentia-me muito be,, e achei que era tudo pêra doce. O pior estaria para vir no dia seguinte... Mas nada que umas drogas não tenham ajudado...


E foi assim á três semanas atrás, que de dois passámos a 3, e que a vida ganhou outro sentido.

Nestas 3 semanas, já lhe noto uma grande diferença, nas feições, no comportamento... mas acima de tudo noto uma diferença em nós....

E os cães andam super felizes, já perceberam que têm aqui um amigo para a vida!!!


Beijos

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